terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Desenho como insight

Gestual em grafite
Este ano me propus à difícil tarefa de desenhar todo dia para exercitar a percepção. Depois de pintar a óleo por várias horas, estava cansado, sem paciência para sentar e fazer um esboço. Justamente por isso, tentei encarar o exercício de outra forma. Foi nessa hora que tive um insight: o resultado, como determinado efeito visual que se quer, tanto faz na pintura como no desenho, surge do controle e não da intenção ou vontade.
Esse efeito não é algo que se busque e sim acontece. O fundamental é treinar para que o controle se instale. O máximo que se pode fazer é buscar o entendimento de relações visuais e técnicas (de espaço, cor, forma, borda, camada, etc), pela prática repetitiva, com desprendimento e foco.
Outro aspecto crucial é substituir a mera verossimilhança fidedigna (da imagem com o modelo) pelo crível, para que se possa ter acesso a níveis mais abstratos.
Com certeza, a mudança de foco ajudou a modificar a percepção e o ânimo para o exercício, tornando-o mais agradável e prazeroso.
É curioso notar como, às vezes, aqueles momentos que prometem ser os mais entediantes podem tornam-se ironicamente os mais interessantes.

4 comentários:

  1. Maurício

    Se o resultado surge do controle (logo podemos dizer que quanto maior o controle melhor seria o resultado em relação a vontade), então o resultado não acontece, ele é construído?!

    O que eu quero dizer é que se dissermos que o resultado acontece soa como se o acaso estivesse envolvido no processo quando do texto tive a impressão que a conclusão é que o resultado se constrói com o máximo do controle das variáveis que envolvem a ação.

    E sendo assim não estaríamos negligenciando que o subconsciente é parte importante do processo de criação. E que a revisão do processo, ou, a revisão dos sistemas de controle, são parte do fazer artístico.

    E mais, o resultado inesperado, sem a inteligência calculada, não pode mudar a percepção da vontade do artista?

    Claro que o resultado inesperado não pode ser o foco do trabalho, mas possibilita felizes descobertas.

    Mas admito que até mesmo Pollock trabalhava para o controle do que se demonstrava incontrolável.

    ResponderExcluir
  2. Parabéns Mauricio! Sou um artista iniciante e seus trabalhos serão a partir de agora referência para mim. Sucesso!!!

    ResponderExcluir
  3. Mauricio, seu blog tem me ajudado muito com os meus trabalhos, mas também com o fato de que estou me tornando um verdadeiro artista, trabalhando como um artista e ao mesmo tempo pensando como um filósofo da própria arte. Obrigado.

    ResponderExcluir
  4. Oi pessoal,
    obrigado pelas palavras.
    Felipe, assim que tiver mais tempo, vou fazer um post especialmente tratando desse tema que abordou.
    Abs.

    ResponderExcluir