quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dialogando com os mestres...

Uma das melhores formas que conheço para estudar quando tenho uma dúvida ou curiosidade é “consultar-me” com um mestre, através da análise técnica e conceitual de suas pinturas. Nenhum pouco para, a partir daí, extrair uma solução milagrosa, pronta, mecânica e previsível, muito mais para ter acesso, hipoteticamente, ao que compreenderam, viram e pensaram.
A minha indagação de hoje foi dirigida para a tentativa de responder uma pergunta que em geral faço para os alunos na sessão de retrato: como “fazer” um olho sem “fazer” um olho? Brincadeira à parte, a questão colocada é como representar um olho sem se ater ao seu significado. Abstraindo é a resposta. Mas na prática, nada melhor do que “sentir” essa resposta contemplando a execução de um mestre. E o escolhido para dialogar foi Sir Thomas Lawrence, de quem sou muito fã.


Suas asserções são abstratas, precisas e sensíveis. Suas pinceladas são ora delicadas e elusivas, ora firmes e contrastantes de acordo com o momento da necessidade ou mesmo ímpeto. Toma decisões sem pestanejar. Cruza camadas mudando a direção das variáveis técnicas com tamanho desprendimento e domínio que me deixa estarrecido. Gosto de tempos em tempos “visita-los” para trocar uma ideia, principalmente quando me sinto esgotado, limitado ou até tenho a impressão, equivocada, de que o mundo da pintura ficou um pouco mais fácil. Sempre me advertem para o fato de que não estou enxergando direito, de que o "buraco é mais embaixo", mas me fazem o favor de abrir mais uma porta para um campo que eu possa explorar.

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